Caso de menina de 11 anos grávida por estupro, impedida de fazer aborto repercutiu no país. Mas, você sabe os riscos de uma gravidez na infância?
Glícia Lopes* | [email protected]
Publicado em 22/06/2022, às 19h24
O Brasil vem acompanhando o caso de uma menina que teve a interrupção da gravidez na infância negada pela juíza de SC, Joana Zimmer. O aborto está previsto em lei no caso da criança: gravidez em decorrência de estupro. No vídeo da audiência, divulgado pelo The Intercept e o Portal Catarinas, a jurista demonstra uma certa preocupação com o feto, quando pergunta se a criança “já escolheu um nome" para ele. Mas, em maior grau, revela apatia à menina de 11 anos, ao questionar se ela “suportaria mais um pouquinho” a gestação, fruto de abuso. A criança ainda foi mantida presa em abrigo, longe da mãe, para não realizar o aborto.
Em 2020, o país se deparou com outro caso que tomou proporção nacional. Uma garota de 10 anos, grávida após ser estuprada pelo tio, havia recorrido a um hospital de São Mateus (ES) para realizar o aborto e, mesmo com aval da justiça, teve o pedido negado pelo hospital. A menina recebeu atendimento em Recife, onde deu conclusão ao procedimento.
Em entrevista à BBC, a professora de Ginecologia e Obstetrícia da Universidade Federal de Campina Grande, Melania Amorim, explicou que mesmo que algumas meninas começam a menstruar a partir dos 9 ou 10 anos, a chamada puberdade precoce, não significa que seus corpos estejam prontos para a gravidez ou o parto.
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Nessa fase, o corpo ainda está se desenvolvendo e, por isso, não tem maturidade suficiente para dar prosseguimento a uma gravidez na infância. A gestação precoce aumenta os riscos de complicações graves, podendo levar à perda do útero, agravando a necessidade de internação em Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e, inclusive, aumentando o risco de morte.
Em muitas meninas gestantes, os ossos que sustentam o útero fecundado, os da pélvis, não tiveram seu desenvolvimento concluído, fazendo com que o parto através do canal vaginal seja complicado.
Ainda que se adote o parto cesáreo, nesses casos, a menina corre o risco de:
Ainda, dados demonstram que meninas grávidas têm cinco vezes mais chances de morrer do que mulheres de 20 a 24 anos gestantes. Cabe ainda salientar que uma criança que mantém uma gravidez corre sérios riscos de desenvolver transtornos e outros adoecimentos psíquicos, sendo comum até casos de suicídio.
com informações da BBC News
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*Estagiária sob supervisão da jornalista Mylena Lira
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