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Mais de 33 milhões de pessoas passam fome no Brasil; regiões norte e nordeste são mais afetadas

Medidas adotadas pelo governo Bolsonaro teriam sido ineficazes para reverter a fome no país. Falta de políticas públicas e a pandemia são um dos motivos

Nas famílias chefiadas por homens, a taxa de fome subiu de 7% para 11,9%
Nas famílias chefiadas por homens, a taxa de fome subiu de 7% para 11,9% - Divulgação

Pedro Miranda* | [email protected]
Publicado em 08/06/2022, às 17h51

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A fome e a segurança alimentar são desafios históricos no Brasil. Mesmo sendo um dos maiores produtores mundiais de alimentos, mais de 33 milhões de pessoas estão sem ter o que comer. De acordo com o 2º Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid-19 no Brasil, o número de pessoas que passam fome no país aumentou 14 milhões em relação ao ano anterior. Os principais motivos para o aumento da fome são a falta de políticas públicas e a situação da pandemia.

Os números fazem o país regredir ao patamar de insegurança alimentar equivalente ao da década de 1990. Essa desigualdade generalizada mantém refém milhões de pessoas, especialmente mulheres e pessoas pretas. A pesquisa mostrou que 58,7% da população brasileira está de alguma forma em insegurança alimentar (fome) – leve, moderada ou grave. Atualmente, apenas 1 em cada 10 domicílios no Brasil mantém pleno acesso aos alimentos.

Em números absolutos, 125,2 milhões de brasileiros vivenciaram algum grau de insegurança alimentar desde o final do ano passado até os primeiros meses deste ano. Este é um aumento de 7,2% desde 2020 e um aumento de 60% em relação a 2018.

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Medidas adotados pelo governo Bolsonaro teriam sido insuficientes para reverter fome no país

Para os autores do estudo, diante da alta inflação, do desemprego e da queda da renda da população, as medidas governamentais para acabar com a fome hoje são insuficientes e inadequadas.

O coordenador da Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Rede PENSSAN), Renato Maluf, destacou que “já não fazem mais parte da realidade brasileira aquelas políticas públicas de combate à pobreza e à miséria que, entre 2004 e 2013, reduziram a fome a apenas 4,2% dos lares brasileiros”. Renato realizou a pesquisa com apoio da Ação da Cidadania, ActionAid, Fundação Friedrich Ebert Brasil, Ibirapitanga, Oxfam Brasil e Sesc São Paulo.

As estatísticas foram coletadas entre novembro de 2021 e abril de 2022 e são baseadas em entrevistas com 12.745 domicílios em 577 áreas urbanas e rurais nos 26 estados do Brasil e no Distrito Federal. A última pesquisa de 2020 mostrou que a fome no Brasil voltou a níveis comparáveis ​​a 2004. A continuidade do desmonte de políticas públicas, a piora no cenário econômico, o acirramento das desigualdades sociais e o segundo ano da pandemia agravaram ainda mais o cenário.

Regiões Norte e Nordeste são as mais afetadas pela fome

O levantamento também mostrou que as regiões Norte e Nordeste foram as mais afetadas, com índices de insegurança alimentar de 71,6% e 68%, respectivamente. A fome faz parte do cotidiano de 25,7% dos domicílios do Norte e 21% do Nordeste. A média nacional é de cerca de 15%, e a do Sul é de 10%. O estudo também mostrou que nas áreas rurais, mais de 60% dos domicílios estão em insegurança alimentar, com 18,6% deles enfrentando insegurança alimentar grave. Além disso, a fome atinge 21,8% dos agricultores familiares e das famílias de pequenos produtores.

Restrições alimentares existem em 65% das casas de negros ou pardos. E, em domicílios com mulheres como referência, a taxa de fome subiu de 11,2% para 19,3%. Nas famílias chefiadas por homens, a taxa de fome subiu de 7% para 11,9%. Entre outros fatores, isso ocorre devido à desigualdade salarial entre os gêneros.

Em pouco mais de um ano, a fome entre as famílias com crianças menores de 10 anos dobrou – de 9,4% em 2020 para 18,1% em 2022. Nos agregados com 3 ou mais pessoas com menos de 18 anos, a fome atingiu 25,7 por cento dos agregados. Nos domicílios com moradores apenas adultos, a segurança alimentar atingiu 47,4%.

Estagiário sob supervisão do jornalista Jean Albuquerque

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