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A Educação Híbrida ao Longo da Vida, em “Vidas Híbridas”

Professor do Jornal dos Concursos, Dr. Fernando Franzoi da Silva, defendeu tese de doutorado com novas perspectivas sobre a educação. Confira o artigo na íntegra

Livros ao lado de notebook
Livros ao lado de notebook - Divulgação

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Publicado em 20/12/2022, às 10h44

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“Não se pode recuperar o que nunca se ‘teve’ ou o que se imaginou que teria, mas não se ‘tem’ concretamente e esta é uma celeuma que gera uma série de equívocos quando se fala sobre recuperação de aprendizagens pós-pandemia”. Essa afirmação do Prof. Dr. Fernando Franzoi da Silva foi feita durante a defesa pública de sua tese, sobre Educação Híbrida, no último dia 13 de dezembro, transmitida em tempo real e disponibilizada pelo Jornal dos Concursos em seu canal do Youtube.

A pesquisa se tornou um “doutorado filosófico”, desenvolvido no âmbito do Programa Stricto Sensu em Metodologias para o Ensino de Linguagens e suas Tecnologias (Área de Ensino), da Universidade Norte do Paraná (Unopar), integrante do grupo educacional Cogna, desmembramento do grupo Kroton.

Há muitas proposições inéditas na tese “Vidas Híbridas: Avaliação personalizada para as aprendizagens e desenvolvimento na Educação Híbrida ao Longo da Vida, baseada em competências”. O trabalho trata dos temas “competências” a “personas e personalização” a “avaliações” e as “educações híbridas”.

São “sim, termos no plural, para mostrar as polissemias dos conceitos e as polêmicas que se estabelecem nos discursos sociais”, comenta o autor. E construiu novas declarações paradoxais e ele mesmo como sujeito pesquisador se deparou com a sua própria constituição como persona híbrida, conectado à sua ancestralidade e à longevidade, desenvolvendo suas competências de curiosidade crítica, investigativa e comunicativa. Para isso, a própria metodologia foi híbrida, dialogando com diferentes autores de várias correntes teóricas, sem receio dos confrontos.

Além de inovar no formato, com vários artigos transformados em capítulos, a construção da tese permite ao leitor multileituras com “misturas, alinhavos e arremates” entre os capítulos, “mentoria” do leitor ao longo das abordagens dos temas, diversidade de imagens e a inserção de um epílogo para mostrar potenciais desdobramentos práticos da abordagem e de um prólogo que apresenta um panorama geral de todo o percurso. A tese vai ser publicada também de diferentes formas (e-books, materiais pedagógicos, vídeos e postagens em redes sociais). Você pode acompanhar a divulgação que vai ser feita aqui no Jornal dos Concursos.

Para o pesquisador, também no tempo pandêmico (pois a pandemia não acabou, infelizmente, ceifou e continua ceifando muitas vidas), a “avaliação híbrida, para ser formativa, precisa respeitar os hibridismos das pessoas humanas”, em suas grandes jornadas e trajetórias, considerando as personas, os ambientes diversos e os contextos da ação. Nesse ponto, o autor mostra uma implicação prática: as avaliações precisam levar em conta as aprendizagens construídas pelos estudantes nos diferentes ambientes, por exemplo, não só na escola, pois se aprende na vida, pela vida e por toda a vida.

Não é suficiente aplicar metodologias ativas para “entreter” os alunos, para que saiam da apatia e da monotonia e reduzir o papel do professor a um técnico e preenchedor de intermináveis planilhas, esgotando os/as docentes como seres humanos e profissionais e ficando na discussão inútil do “online” versus “presencial” e chamando qualquer coisa de “híbrido”. Ao questionar Christensen (formulador da expressão ensino híbrido), a tese mostra que a redução da educação a metodologias, técnicas e plataformas não constitui uma inovação, mas sim, fazer mais do mesmo de forma um pouquinho diferente. Ressalte-se que já há denúncias da produção de uma inteligência artificial racista e ultraneoliberal, por exemplo.

Há muitas outras variáveis e fatores, portanto, que interferem na relação do ensino escolar e que são negligenciadas, como a fome, a miséria,a exclusão digital, a precariedade e negação do transporte escolar, a violência doméstica e estrutural, bem como a própria redução das crianças, adolescentes e jovens a um número para as avaliações em massa (tipo Saresp, Enem, Enade e prova Pisa, dentre outras). Para romper com essa situação desumanizadora é preciso uma Pedagogia da Ousadia.

Por outro lado, a tese mostra também que não é possível realizar uma avaliação radicalmente personalizada na atual sociedade excludente. “Muitos, muitas e muites se espantam ao constatar que o abismo social aumentou, mas isso é óbvio: o capitalismo é um sistema que tritura o ser humano, que massifica em busca de uma padronização, de uma homogeneização universal, levando à despersonalização e à desumanização”.

O metaverso é uma demonstração evidente disso, pois reproduz no ambiente virtual as desigualdades do capitalismo não se consegue propor algo diferente em termos de humanização. E, por isso, vai se dissolver, um pouco mais adiante como uma nuvem de chuva, como ocorreu com “Second Life”, declara o professor. Como superar essa situação? Somente com a afirmação do humano, em uma cidadania híbrida glocal, que articule o universal com a diversidade, em uma sociedade que equilibre o avanço econômico com a resolução de problemas sociais.

Em geral, o “mercado”, os “políticos de plantão” e os “analistas de botequim” apresentam uma visão estreita do desenvolvimento humano e ficam buscando contradição entre desenvolvimento econômico e social, onde deve haver complementaridade. “É necessário e óbvio desconstruir os binômios e abrir-se a compreender que as diferentes realidades (física, virtual, híbrida, paralela, entre outras que ainda não conhecemos) são multivariadas Há outras formas de vida (lyfe, palavra cunhada por Bartlett e Wong na revista Life, em 2020 ) para as quais precisamos nos abrir e não simplesmente descobrir.”

Pois nem chegaram a compreender a sociedade 4.0 e hoje há uma proposta já em implementação, por exemplo do governo japonês denominada Sociedade 5.0, que propõe um sistema que integra o ciberespaço e o espaço físico para garantir direitos para todos, em uma sociedade do bem-estar.Não conseguem desenvolver uma visão de longo prazo como está já fazendo o governo de Flandres com sua publicação “Visienota Vlaanderen 2050” (Memorando Visão 2050 de Flandres).

Em um conjunto de novas declarações teóricas paradoxais sobre a área de ensino, o Dr. Franzoi comenta: “Hibridismo é mistura, é fusão. E eu fiquei maravilhado que, no dia 13, data de minha defesa, cientistas do Laboratório Nacional Lawrence Livermore, confirmaram a inédita produção de energia por fusão nuclear, o que abre campo para uma energia limpa e inesgotável”.

E continua: “isso é uma revolução que demarca, na minha opinião, o início já da Sociedade 6.0, uma Sociedade dos Avatares e isso precisa ser transformado em bem-estar para todos e não somente para alguns, pois as integração humano-máquinas-ambiente, a inteligência artificial-humana-natural, precisam ser colocadas a serviço da vida, por isso o título ‘Vidas Híbridas’”. E declara: “a vida é híbrida, as vidas são híbridas, nós somos híbridos”.

Confira abaixo o vídeo com a defesa da tese:

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[1] BARTLETT, Stuart; WONG, Michael L. Defining Lyfe in the Universe: From Three Privileged Functions to Four Pillars. Life,  2020, 10(4), 42. Disponível em: https://www.mdpi.com/2075-1729/10/4/42/htm. Acesso em: 02 jul. 2021.

[1]https://www.vlaanderen.be/publicaties/visie-2050-een-langetermijnstrategie-voor-vlaanderen.

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