Há esforços para evitar o estigma em torno da doença. Especialista descarta a possibilidade da varíola dos macacos se tornar uma crise de saúde mundial
Pedro Miranda* | [email protected]
Publicado em 30/05/2022, às 17h19
Os países ao redor do mundo ainda estão se recuperando das consequências da pandemia de Covid-19. Mas, uma outra doença tem preocupado as autoridades de saúde: a varíola dos macacos. Uma variante do vírus erradicado em 1980, voltou à cena e tem assustado as pessoas sobre a chance de a transmissão sair do controle mais uma vez. A Organização Mundial da Saúde (OMS) alertou no domingo (29) que o surto pode ser “a ponta do icerbeg”.
Centenas de casos da varíola dos macacos já foram registrados fora do continente africano, onde a doença é endêmica (quando uma doença tem recorrência em uma região, mas sem aumentos significativos no número de casos). Mesmo assim, segundo a OMS, não há necessidade de pânico. Na Assembleia Mundial da Saúde em Genebra, a chefe de Preparação e Prevenção de Epidemias e Pandemias da OMS, Sylvie Briand, disse que “ainda estamos no início desse evento (...) Sabemos que teremos mais casos nos próximos dias”.
Sylvie descarta a possibilidade da varíola dos macacos se tornar uma crise de saúde de proporções semelhantes à causada pelo novo coronavírus. "Essa não é uma doença com a qual o público em geral deva se preocupar. Não é a covid-19 ou outras doenças que se espalham rapidamente", garantiu a especialista.
Existem cerca de 200 infecções e 100 casos suspeitos em mais de 20 países, incluindo estados membros da UE, Estados Unidos, Austrália e Emirados Árabes Unidos. No domingo (8), foi confirmado o primeiro caso de varíola dos macacos na América Latina: as autoridades argentinas confirmaram a infecção de um homem de 40 anos que havia retornado da Espanha.
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Nesta segunda-feira (30) o Ministério da Saúde informou que dois casos da doença estão sob investigação. Um deles está localizado no Ceará e o outro, em Santa Catarina. Há também a chance de um terceiro caso, que pode ser suspeito, monitorado no Rio Grande do Sul. Os pacientes estão isolados, em recuperação e acompanhados pela equipe de vigilância sanitária. A investigação dos casos está em andamento e será feita coleta para análise laboratorial", segundo a pasta.
A Secretaria de Saúde do Rio Grande do Sul disse estar investigando um indivíduo com histórico de viagem, mas o caso ainda está sendo discutido com a Secretaria de Saúde - e isso porque, segundo o órgão estadual, "a pessoa tem outro diagnóstico confirmado''. A princípio, o caso de varíola dos macacos estaria descartado. “Então, não temos a definição se vai entrar como caso suspeito, pois ainda está em investigação".
A transmissão da varíola dos macacos de humano para humano ocorre principalmente através da saliva e pus de lesões de pele que se desenvolvem durante a infecção. Especialistas apontam que, embora o vírus possa ser contraído durante a relação sexual, não é uma doença sexualmente transmissível.
Há um esforço para evitar o estigma em torno da doença. Isso porque os primeiros casos do surto da varíola dos macacos no Reino Unido foram registrados principalmente em pessoas gays ou bissexuais. “Estigma e culpabilização minam a confiança e a capacidade de prover uma resposta efetiva a surtos como este”, alertou o vice-diretor executivo do UNAIDS, Matthew Kavanagh, nesta semana.
Estagiário sob supervisão do jornalista Jean Albuquerque
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