Apesar da economia estar em problemas, Guedes diz que o cenário negativo pode ser uma oportunidade para o Brasil entrar nas cadeias produtivas
Victor Meira | [email protected]
Publicado em 14/06/2022, às 15h11
Apesar do Brasil viver em um cenário com inflação e taxa de juros altas, o ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou, nesta terça-feira (14), que a turbulência na economia mundial ainda vai piorar. A declaração polêmica foi realizada em uma palestra no Fórum de Investimentos Brasil 2022, em São Paulo, que também conta com a participação do presidente Jair Bolsonaro (PL)
O fórum reúne ministros, representantes de bancos de desenvolvimento e executivos de empresas globais para debater o ambiente de negócios brasileiro.
Para explicar o contexto da frase polêmica, Guedes aponta alguns motivos para a situação da economia no mundo demorar para melhorar. Ele relata que cerca de 3,7 bilhões de pessoas estão saindo da condição de miséria em países como China, Rússia, Leste Europeu e Sudeste Asiático por causa do processo de globalização.
Com isso, os países mais desenvolvidos recebem uma pressão enorme. Logo, os salários dos trabalhadores das principais economias do mundo estão com os salários estagnados há mais de 30 anos.
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“Há 30 anos que a pressão competitiva da Ásia impede o crescimento dos salários e ganhos no Ocidente. Transfere-se as plantas para Ásia. Os salários começam a subir na Ásia e ficam sob pressão no Ocidente", disse.
O ministro da Economia ainda comentou que o mundo ocidental “desfruta de sua riqueza, dando férias de seis meses, aposentadoria generosa antes da hora, o outro lado do mundo trabalha 24 horas por dia, compete, não tem encargos trabalhistas, os salários sobem lá e caem aqui”.
“Depois de 30 anos, essa arbitragem de trabalho barato acaba. Quando isso ocorre, os salários começam a subir no mundo inteiro e a inflação já subiria naturalmente nos EUA, Europa, porque, há algum tempo, essas pressões de custo existem”, reclama Guedes.
O ministro afirma que outro motivo para a economia ficar em um período turbulento é o choque de oferta, que iniciou durante a pandemia de covid-19. Com isso, há uma ruptura nas cadeias de produção, o que gera mais inflação e menos crescimento, ao mesmo tempo. "Quando o Brasil e o mundo começam a tentar sair dessa circunstância adversa, vem a guerra na Ucrânia, com seus grãos, e a Rússia, com a energia. Então, o preço de comida e energia sobe no mundo inteiro”, disse.
Com este problema, Guedes propõe uma reconfiguração nas cadeias produtivas e diz que essa pode ser uma oportunidade para o Brasil. Segundo ele, a parte ruim da crise é que "a inflação no exterior vai subir muito, haverá recessão e o sistema político continuará sob pressão, bem diferente do que ocorreu nos últimos dez anos, com prosperidade e investimento".
“Ao mesmo tempo é uma oportunidade. Os investimentos precisam estar perto, mas não só isso, é preciso que os países sejam amigos. No caso do Brasil, quem está perto e é amigo tanto da Europa, América, China, Rússia, somos nós. Estamos aqui e queremos recuperar o caminho da prosperidade. Fizemos acordo com todos, estamos estando em todos os blocos”, acrescentou.
*com informações da Agência Brasil
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