MEC endurece regras para cursos EAD: descubra o que muda com o novo decreto, quais graduações foram proibidas e como isso impacta quem já estuda à distância
O ensino a distância, que já vinha sendo alvo de polêmicas, entrou em um novo capítulo com o decreto publicado pelo Ministério da Educação (MEC) nesta semana. Agora, o que muitos chamam de “fim da linha” para parte dos cursos EAD começa a se concretizar: graduações como Medicina, Direito, Enfermagem, Odontologia e Psicologia estão oficialmente proibidas de serem oferecidas 100% online. A medida faz parte da nova política do MEC para cursos EAD, que promete reformular completamente o ensino superior à distância no Brasil.
A decisão chega em um momento crítico, em que o modelo EAD ultrapassou, pela primeira vez na história, o número de matrículas presenciais no país. Com a justificativa de frear o crescimento desordenado e preservar a qualidade da formação acadêmica, o governo impõe novas exigências que atingem tanto faculdades quanto estudantes.
De acordo com o decreto publicado no Diário Oficial da União na terça-feira (20), o MEC proíbe cursos EAD nas cinco graduações mais sensíveis: Medicina, Direito, Enfermagem, Psicologia e Odontologia. A partir de agora, essas carreiras só poderão ser ofertadas em formato presencial, sem exceções.
Mas a mudança não para por aí. Para os demais cursos de graduação — incluindo aqueles tradicionalmente ofertados à distância — o MEC estabeleceu novas regras que tornam o modelo mais rigoroso:
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Uma das principais dúvidas entre os alunos diz respeito à continuidade dos estudos. Segundo o MEC, quem já está matriculado poderá concluir a formação no mesmo modelo em que começou. Ou seja, estudantes de cursos como Psicologia ou Direito que ingressaram no formato EAD antes do decreto não serão obrigados a migrar para o presencial.
No entanto, as faculdades terão dois anos para se adaptar. Após esse prazo, novas turmas nesses cursos não poderão mais ser iniciadas no modelo 100% online. A exceção é para cursos que se enquadrem na modalidade semipresencial, dentro dos critérios agora definidos pelo governo.
Nos bastidores, a decisão do MEC foi impulsionada por uma combinação de fatores. O crescimento desordenado do EAD — que formou, por exemplo, o dobro de professores na rede privada entre 2012 e 2022 — veio acompanhado de críticas sobre a qualidade do ensino. Indicadores como o Enade revelaram desempenho abaixo da média em cursos à distância, especialmente nas áreas da saúde e do Direito.
Além disso, conselhos de classe e entidades profissionais pressionavam há anos por mudanças, alegando que a formação de médicos, enfermeiros, psicólogos e advogados exige experiência prática, contato humano direto e domínio de situações complexas — algo difícil de alcançar apenas no ambiente virtual.
Com o novo decreto, o MEC formalizou três categorias distintas para os cursos de graduação:
Essas mudanças buscam oferecer uma formação mais robusta, equilibrando flexibilidade com qualidade — e evitando que o ensino a distância vire sinônimo de diploma fácil e formação frágil.
As faculdades EAD terão que correr contra o tempo. O prazo de transição é de 24 meses, mas o impacto nas matrículas e no modelo de negócios já começa a ser sentido. Para quem pretende ingressar no ensino superior nos próximos anos, a recomendação é redobrar a atenção às novas regras e à credibilidade da instituição escolhida.
O MEC também promete maior rigor na avaliação e credenciamento de cursos, exigindo estrutura física adequada nos polos — com internet de qualidade, laboratórios, salas de coordenação e suporte pedagógico presencial.
Não exatamente. O MEC não proíbe todos os cursos EAD, mas impõe limites que colocam um freio na expansão descontrolada observada nos últimos anos. O modelo continua viável para diversas graduações — especialmente em áreas administrativas e de tecnologia — desde que respeite os novos padrões de qualidade.
O que está em jogo agora é a credibilidade do ensino superior à distância no Brasil. Com a nova regulamentação, a expectativa do governo é reverter o cenário de desconfiança, garantir a formação adequada dos profissionais e restabelecer a confiança da sociedade no modelo EAD.
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