Governo demite servidora do Ministério da Igualdade Racial após ofensas à torcida do São Paulo

Líder da torcida independente do São Paulo pressionou ministra pela demissão da assessora. Foi instituído um comitê interno para investigar a conduta da agora ex-assessora do ministério

Pedro Miranda   Publicado em 26/09/2023, às 21h44 - Atualizado às 22h44

Reprodução/Arquivo Pessoal/Instagram

A chefe de assessora especial de assuntos estratégicos do Ministério da Igualdade Racial, Marcelle Decothé da Silva, foi destituída do cargo nesta terça-feira (26). A demissão ocorreu em decorrência das declarações feitas no último domingo, (24), enquanto acompanhava a ministra Anielle Franco em uma agenda oficial. Nas redes sociais, Decothé debochou e lançou insultos contra a torcida do São Paulo Futebol Clube e contra os habitantes do estado de São Paulo.

Utilizando uma linguagem neutra, a assessora escreveu: "Torcida branca, que não canta, descendente de europeu safade... pior de tudo pauliste." As declarações geraram uma onda de indignação, levando a ministra a telefonar para os líderes do São Paulo e da torcida Independente, na qual se desculpou pelos comentários.

O presidente do São Paulo Futebol Clube, Julio Casares, e Henrique Gomes, líder da principal torcida organizada do clube, expressaram repúdio ao comportamento de Marcelle Decothé durante a final da Copa do Brasil. Casares destacou a importância do clube ser inclusivo e livre de discriminação racial, de gênero e social, reafirmando o compromisso do time com esses princípios. Ele também enfatizou a necessidade de punição da assessora.

+++ Suspeita de fraude: Ministério da Saúde fecha contrato milionário com empresa de 1 funcionário

Líder da torcida independente do São Paulo pressionou ministra pela demissão da assessora

Após a repercussão negativa, Gomes anunciou que recebeu um pedido de desculpas da ministra Anielle Franco. Diante da pressão e da controvérsia, as redes sociais oficiais do Ministério da Igualdade Racial anunciaram a demissão de Marcelle Decothé, afirmando que suas manifestações públicas eram contrárias às políticas e objetivos da pasta.

O Ministério da Igualdade Racial reafirma seu compromisso inegociável com a promoção de direitos e com a igualdade étnico-racial, a partir de princípios como a transparência e o cuidado. pic.twitter.com/KzPjOZOjJ2

— Ministério da Igualdade Racial 🇧🇷 (@igualracial_gov) September 26, 2023

Para investigar a conduta de Decothé e de outras assessoras do Ministério, foi instituído um comitê interno chamado de "Comitê de Integridade, Transparência, Ética e Responsabilização". Este comitê terá a tarefa de analisar o caso em profundidade, conforme anunciado na nota que comunicou a demissão da assessora.

O doutor e mestre em Direito Constitucional pela UFMG, Lucas Paulino, publicou no X, antigo Twitter, a perspectiva dele sobre o acontecido. Conforme a publicação, a assessoria do Ministério da Igualdade Racial teria agido de forma clubista, com ódio “irracional” contra uma das maiores torcidas do Brasil. “Representantes do governo não podem ser passionais dessa forma. Se estavam a trabalho, faltou respeitar o princípio da impessoalidade”.

Esse caso da ministra Anielle Franco seria facilmente contornável com a demonstração de que ela foi ao jogo a trabalho para um compromisso oficial do Ministério, como, aliás, o ministro Fufuca dos Esportes também estava no mesmo vôo.

Ficaria no plano moral a discussão se é o uso…

— Lucas Paulino (@lucasapaulino) September 26, 2023

+ Acompanhe as principais informações sobre Sociedade e Brasil no JC Concursos

São Paulo Governo federal futebol SPFC Anielle Franco Ministério da Igualdade Racial
Sociedade Brasil