Economistas do Plano Real escrevem carta para presidente eleito pedindo responsabilidade fiscal

Hoje (17) de manhã o presidente eleito Lula destacou que acima da responsabilidade fiscal é preciso ter responsabilidade social com a população mais carente

Victor Meira   Publicado em 17/11/2022, às 22h49

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Mais um dia bastante agitado no mercado financeiro. Nesta quinta-feira (17), o índice Ibovespa caiu 0,49% diante das incertezas da responsabilidade fiscal do futuro governo do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Nos últimos cinco dias, a bolsa brasileira já caiu mais de 3,40%. 

O pessimismo do mercado se intensificou hoje de manhã quando Lula afirmou que o modelo atual "tenta desmontar tudo o que é da área social", sem tirar um centavo do sistema financeiro.

Se eu falar isso, vai cair a Bolsa, o dólar vai aumentar? Paciência. O dólar não aumenta, e a Bolsa não cai por conta das pessoas sérias, mas por conta dos especuladores que vivem especulando todo santo dia”, afirmou Lula antes de discursar COP27, no Egito.

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Em resposta a isso, os economistas Arminio Fraga, ex-presidente do Banco Central, Edmar Bacha, ex-presidente do BNDES, e Pedro Malan, ex-ministro da Fazenda, escreveram uma carta, divulgada no jornal Folha de São Paulo, pedindo maior responsabilidade fiscal para o futuro governo Lula.

O desafio é tomar providências que não criem problemas maiores do que os que queremos resolver.A alta do dólar e a queda da Bolsa não são produto da ação de um grupo de especuladores mal-intencionados. A responsabilidade fiscal não é um obstáculo ao nobre anseio de responsabilidade social, para já ou o quanto antes”, cita um trecho do documento.

Os economistas, que participaram do Plano Real, declararam apoio a Lula durante as eleições presidenciais contra o atual presidente Jair Bolsonaro (PL). 

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Eles relatam que compartilham as preocupações sociais e civilizatórias de Lula. “Não dá para conviver com tanta pobreza, desigualdade e fome aqui no Brasil”, complementam.

Apesar disso, os três apontam que o teto de gastos não é um mecanismo que tira o dinheiro da educação, saúde e cultura para pagar juros para “banqueiros gananciosos”. Eles ainda relatam que o teto não é uma conspiração para o desmonte da área social. 

A carta esclarece os motivos para manter a responsabilidade fiscal e que o presidente eleito se preocupe com os movimentos da bolsa e dólar, visto que eles são indicativos para a saúde econômica do país.

Quando o governo perde o seu crédito, a economia se arrebenta. Quando isso acontece, quem perde mais? Os pobres!”, alertam os economistas. 

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Então por que falta dinheiro para áreas de crucial impacto social? Porque, implícita ou explicitamente, não se dá prioridade a elas. Essa é a realidade, que precisa ser encarada com transparência e coragem. O crédito público no Brasil está evaporando. Hora de tomar providências, sob pena de o povo outra vez tomar na cabeça”, concluem.

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