Gestor de Riscos

Boas perspectivas de carreira

Redação   Publicado em 18/01/2008, às 11h57

O bom resultado da economia brasileira tem proporcionado um maior acesso ao crédito. Com a queda de juros, a perspectiva é que esse ritmo cresça ainda mais, o que pode resultar em aumento da inadimplência no País. Diante desse cenário, o varejo deverá ampliar a sua cultura de gestão de risco, gerando boas perspectivas de carreira para especialistas no assunto. Confira, a seguir, entrevista com Ricardo Kalichsztein, sócio-diretor da Witrisk, empresa de consultoria em Gestão de Riscos. Entre vários temas, o dirigente fala das várias opções de atuação nesse setor. Confira


JC&E - O que faz um Gestor de Riscos? Onde ele atua?
Ricardo Kalichsztein - Esse profissional tem a possibilidade de atuar em todo o ciclo de vida do crédito, seja no planejamento do produto (definindo as principais características), no planejamento da concessão de crédito (na gestão das políticas, estratégias e da operação), na gestão de carteira (rentabilização de portfólio - gestão de taxas e limites), na cobrança (na gestão das estratégias e da operação), em Modelagem Estatística (desenvolvendo modelos estatísticos de crédito e cobrança que suportem as políticas, estratégias e as principais decisões da gestão), em treinamento (construir talentos e desenvolver habilidades).
Enfim, o Gestor de Riscos encontra campo em quaisquer instituições que possuam crédito como principal negócio ou como instrumento de vendas, caso dos bancos, financeiras, administradoras de cartão de crédito, lojas de varejo, supermercados, montadoras, construtoras, call-center, escritórios de cobrança e consultorias.

JC&E – Que perfil deve ter o Gestor de Riscos?
Ricardo Kalichsztein – Para se tornar um profissional de GRM (Gerenciamento de Risco Massificado) é preciso ser dinâmico, analítico, ter visão holística, raciocínio lógico e intuitivo, possuir bom relacionamento interpessoal, ter boa comunicação e gostar de acompanhar o mercado financeiro.
Outro ponto importante também é estar aberto a outros conceitos e a quebras de paradigmas, já que neste mercado novos conhecimentos e técnicas brotam a cada instante.

JC&E - Qual a formação desse profissional?
Ricardo Kalichsztein - Como ainda não existem cursos superiores específicos para Gestão de Riscos e como se trata de uma carreira com um escopo bastante amplo, a formação acadêmica também acaba sendo bastante flexível. As profissões mais comuns encontradas nesse mercado são: Engenharia, Economia, Estatística, Administração de Empresas e Ciências da Computação.

JC&E - Como está o mercado nesse setor?
Ricardo Kalichsztein - Com o crescimento do crédito no Brasil, batendo na casa dos 20% ao ano nos últimos cinco anos e com projeção de continuidade nesse patamar, o mercado tem sido a ‘menina dos olhos’ para muitos profissionais e empresas. O segmento encontra-se em consolidação e os grandes bancos ainda estão se movimentando para traçar seus territórios, visando novos mercados ou ainda aqueles não tão explorados, como o crédito imobiliário, por exemplo.

JC&E - Quais as áreas mais promissoras?
Ricardo Kalichsztein - Todo o ciclo de crédito: planejamento de produto e concessão de crédito, gestão de carteira, cobrança, informações gerenciais, modelagem estatística e treinamento.

JC&E - Quais as principais dificuldades para quem quer atuar no setor?
Ricardo Kalichsztein - Como não existe curso superior específico, uma dificuldade para se ingressar nesse mercado é que o profissional deve aprender a manejar o manche do avião em pleno vôo, ou seja, terá que aprender trabalhando, sujeito a algumas ‘turbulências’. Por outro lado, ao ingressar nessa carreira, o profissional abrirá um leque enorme de opções, sem contar que terá um diferencial de conhecimento que os demais profissionais não possuem.

JC&E - Qual a melhor maneira de iniciar na profissão?
Ricardo Kalichsztein - Existem várias formas de se ingressar neste mercado. Por exemplo, como estagiário ou trainee de instituições financeiras ou de consultorias de risco de crédito.
Inclusive, temos feito diversos programas de divulgação desta carreira em universidades. Iniciamos por São Paulo, onde já palestramos no IME, da USP, para um auditório lotado com 200 alunos. Além disso, estamos concluindo um projeto de estruturação de um curso de pós-graduação de especialização em GRM em parceria com uma universidade de primeira linha de São Paulo.
Em termos de atualização sobre a área, indico a leitura diária dos cadernos de economia dos jornais e revistas periódicas. Outra dica importante é ler o livro O Risco Nosso de Cada Dia, de Fernando Manfio, editora Estação das Letras.

JC&E - Em média, quanto ganha um Gestor de Riscos?
Ricardo Kalichsztein - A remuneração pode variar bastante. O salário de um Analista Operacional de Crédito está em torno de R$ 1.000,00, um Analista de Gestão pode iniciar com R$ 2.000,00, dependendo da realidade da região de trabalho, enquanto que a faixa salarial de um gerente de nível médio em uma instituição financeira varia entre R$ 6.000,00 e R$ 10.000,00, que é um excelente salário, principalmente se levarmos em consideração a faixa etária média desses profissionais, que está entre 20 e 30 anos.


Rogerio Jovaneli/SP