Terapia celular CAR-T Cell: resultados promissores no tratamento de câncer avançado

A terapia celular ainda está em fase experimental, sendo disponibilizada apenas para pacientes em estágio avançado da doença. Veja detalhes

Pedro Miranda   Publicado em 30/05/2023, às 21h45

Divulgação/JC Concursos

Pesquisadores brasileiros do Instituto Butantan, da Universidade de São Paulo (USP) e do Hemocentro de Ribeirão Preto estão obtendo bons resultados no tratamento de certos tipos de câncer por meio da terapia celular CAR-T Cell. Essa técnica, que já é utilizada nos Estados Unidos e em outros países como último recurso para tratar linfomas e leucemias avançadas, consiste em modificar as células T do paciente em laboratório para que elas possam reconhecer e combater as células cancerígenas ou tumorais.

O procedimento tem se mostrado promissor e sua aplicação no Sistema Único de Saúde (SUS) está sendo estudada. No entanto, no Brasil, a terapia celular ainda está em fase experimental, sendo disponibilizada apenas para pacientes em estágio avançado da doença, sem alternativas terapêuticas. Os primeiros pacientes foram tratados em 2019 no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, e desde então o programa foi expandido para dois centros de saúde, um na capital paulista e outro em Ribeirão Preto.

Até o momento, 14 pacientes foram tratados com CAR-T Cell, e todos apresentaram remissão de pelo menos 60% dos tumores. Os resultados têm sido semelhantes aos obtidos em outros países onde a terapia é utilizada. Um dos pacientes, Paulo Peregrino, teve uma resposta imediata ao tratamento, com todos os tumores desaparecendo completamente em um mês.

Embora ainda seja necessário acompanhar os pacientes a longo prazo para falar de cura, esses resultados mostram a eficácia e o potencial da terapia celular CAR-T Cell.

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Pacientes com a terapia CAR-T Cell podem precisar ser monitorados em unidades de terapia intensiva

No entanto, como em qualquer tratamento complexo, a terapia celular CAR-T Cell também apresenta efeitos colaterais e reações adversas. Os pacientes podem precisar ser monitorados em unidades de terapia intensiva devido à inflamação causada pelos destroços dos tumores após a infusão das células modificadas. Além disso, alguns pacientes podem desenvolver a síndrome de neurotoxicidade imunológica, que causa problemas neurológicos temporários.

Embora a terapia celular CAR-T Cell tenha se mostrado eficaz, ainda existem desafios a serem enfrentados para torná-la acessível em larga escala pelo SUS. O alto custo de produção das células modificadas e a necessidade de realizar estudos clínicos adicionais são algumas das questões a serem abordadas.

Além disso, os pesquisadores também esperam expandir o uso da técnica para o tratamento de tumores sólidos, o que exigirá mais investimentos em pesquisa e apoio da comunidade científica.

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) informou que o procedimento de obtenção do produto à base de células CAR-T foi notificado e avaliado com prioridade, favorecendo a pesquisa científica e o uso experimental para o tratamento do linfoma. A agência está empenhada em avaliar novas terapias avançadas e recentemente selecionou dois projetos para apoiar ensaios clínicos e a produção da terapia no Brasil.

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