Salário mínimo não supre despesas do trabalhador; Veja qual é o valor ideal

Nova pesquisa realizada pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE) revelou que o salário mínimo necessário deveria ser bem maior do que o atual

Mylena Lira   Publicado em 07/08/2023, às 19h39

Divulgação

Uma nova pesquisa realizada pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE) revelou que o salário mínimo necessário para suprir as despesas básicas de uma família de quatro pessoas deveria ser cinco vezes maior do que o valor atualmente estipulado, que é de R$ 1.320.

A pesquisa baseia-se na análise da cesta básica mais cara do mês de julho, que ocorreu na cidade de Porto Alegre, e considera as determinações constitucionais de garantir que o salário mínimo possa cobrir as despesas essenciais de alimentação, moradia, saúde, educação, vestuário, higiene, transporte, lazer e previdência.

Em julho de 2023, o DIEESE estima que o salário mínimo necessário para sustentar uma família de quatro pessoas deveria ter sido de R$ 6.528,93, o que equivale a 4,95 vezes o salário mínimo vigente. No mês anterior, em junho, o valor estimado era de R$ 6.578,41, correspondendo a 4,98 vezes o valor do salário mínimo. Em comparação com julho de 2022, o valor necessário era ainda maior, atingindo R$ 6.388,55 ou 5,27 vezes o salário mínimo daquele período, que era de R$ 1.212,00.

A pesquisa também demonstrou que o tempo médio necessário para adquirir os produtos da cesta básica diminuiu ligeiramente de junho para julho de 2023, passando de 113 horas e 19 minutos para 111 horas e 08 minutos.

No entanto, quando se compara o custo da cesta básica com o salário mínimo líquido (após descontos previdenciários), observa-se que o trabalhador remunerado pelo salário mínimo comprometeu em média 54,61% do seu rendimento líquido para adquirir os produtos alimentícios básicos em julho de 2023. Esse percentual era ligeiramente maior em junho, chegando a 55,63%, e ainda maior em julho de 2022, com 59,27%.

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Salário mínimo em 2024

O salário mínimo em 2024 será de R$ 1.389 e, por enquanto, não terá aumento acima da inflação. O reajuste consta do projeto da Lei de Diretrizes Orçamentárias (PLDO) de 2024, enviado nesta sexta-feira (14) ao Congresso Nacional.

O reajuste segue a projeção de 5,16% para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) para este ano. A estimativa também consta do PLDO. O projeto também apresentou previsões de R$ 1.435 para o salário mínimo em 2025 e de R$ 1.481 para 2026. As projeções são preliminares e serão revistas no PLDO dos próximos anos.

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Custo da cesta básica

A pesquisa também avaliou o custo da cesta básica em diferentes capitais do país. Entre junho e julho de 2023, o custo do conjunto de alimentos básicos diminuiu em 13 das 17 capitais analisadas, com as maiores quedas ocorrendo em Recife (-4,58%), Campo Grande (-4,37%), João Pessoa (-3,90%) e Aracaju (-3,51%). Apenas Porto Alegre apresentou uma variação positiva, com um aumento de 0,47% no custo da cesta básica.

Porto Alegre foi a capital onde o conjunto de alimentos básicos teve o maior custo, atingindo R$ 777,16, seguida por São Paulo (R$ 769,95), Florianópolis (R$ 746,66) e Rio de Janeiro (R$ 738,12). Nas cidades do Norte e Nordeste, onde a composição da cesta é diferente, os menores valores médios foram registrados em Aracaju (R$ 547,22), João Pessoa (R$ 581,31), Recife (R$ 592,71) e Salvador (R$ 596,04).

A comparação entre os valores da cesta básica de julho de 2022 e julho de 2023 revelou aumentos de preço em 11 capitais, com variações que variaram de 0,11% em Belo Horizonte a 4,44% em Natal. Por outro lado, seis cidades apresentaram quedas de preços, com destaque para as reduções em Recife (-3,88%), Vitória (-3,74%) e Brasília (-2,32%).

No acumulado dos primeiros sete meses de 2023, o custo da cesta básica diminuiu em nove cidades, com as maiores quedas ocorrendo em:

As altas mais significativas foram observadas em Aracaju (5,02%) e Fortaleza (1,15%). A pesquisa do DIEESE ressalta a necessidade de se considerar a realidade socioeconômica e as necessidades básicas das famílias ao estabelecer o valor do salário mínimo, de modo a garantir uma vida digna para todos os trabalhadores e suas famílias.

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