Primeiro carro elétrico no mundo foi brasileiro, há 50 anos

O Itaipu tinha um formato trapezoidal que lembra o design do Cybertruck da Tesla. Veículo tinha espaço para apenas o motorista e o passageiro

Pedro Miranda   Publicado em 17/10/2023, às 14h19

Divulgação

Enquanto muitos associam os carros elétricos à recente popularidade da Tesla e de outros fabricantes contemporâneos, a verdade é que essa tecnologia tem uma história que remonta a mais de um século. No final dos anos 1800, os motores elétricos eram a preferência para a propulsão automotiva devido à sua facilidade de operação e conforto de condução em comparação com os veículos a combustão da época.

O que muitos não sabem é que os brasileiros também tiveram sua experiência com carros elétricos. Em 1974, João Conrado do Amaral Gurgel, fundador da montadora nacional Gurgel Motores S/A, apresentou o "Itaipu", o primeiro carro elétrico da América Latina.

O Itaipu tinha um formato trapezoidal que lembra o design do Cybertruck da Tesla. Era impulsionado por um motor elétrico de 3,2 kW, equivalente a 4,2 cv, alimentado por 10 baterias: três na frente, duas atrás dos bancos e mais cinco na traseira. Com uma autonomia de 60 a 80 km e uma velocidade máxima de 50 km/h, a recarga completa levava cerca de 10 horas.

O veículo tinha espaço para apenas o motorista e o passageiro, com algum espaço para bagagem atrás dos bancos.

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Além dos carros elétricos, também seriam instalados pontos de recarga

A ideia de Gurgel era realizar um teste em junho de 1975 com 20 unidades do Itaipu nas ruas de Rio Claro, onde ficava a fábrica da empresa. Além dos carros, também seriam instalados pontos de recarga. Infelizmente, devido à autonomia limitada e ao longo tempo de recarga, o Itaipu nunca passou de um protótipo, e o plano nunca se concretizou.

Apesar dessa decepção, Gurgel não desistiu da ideia de um carro elétrico. Entre 1981 e 1982, sua montadora produziu em pequenas quantidades o "Itaipu E-400", um furgão elétrico alimentado por oito baterias, com velocidade máxima de 70 km/h e autonomia de até 100 km no "modo econômico", que limitava a velocidade a 45 km/h.

Infelizmente, em 1993, a Gurgel pediu concordata e encerrou suas operações após o rompimento de acordos com os governos de São Paulo e Ceará, que previam a construção de uma nova fábrica, e devido à abertura do mercado automotivo promovida pelo então presidente Fernando Collor de Mello. 

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