Por que pressão inflacionária atingiram os mais ricos em janeiro; confira

A pressão inflacionária, geralmente, é aplicada na população mais carente. Contudo, o aumento dos preços de alguns produtos e serviços afetou a parcela com maior poder aquisitivo

Victor Meira   Publicado em 14/02/2023, às 15h28

Agência Brasil

Geralmente, os especialistas em economia apontam que os mais pobres sofrem com pressão inflacionária durante os momentos de crise. Pelo menos isso não aconteceu no primeiro mês de 2023.

O Indicador Ipea de Inflação por Faixa de Renda de janeiro deste ano mostrou que houve uma desaceleração da inflação para quase todos grupos, com exceção das pessoas com maior poder aquisitivo (renda alta e média-alta. 

Os dados são do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), que foram publicados nesta terça-feira (14). 

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O estudo aponta que a menor taxa foi observada entre as famílias de renda muita baixa e baixa (0,47%), enquanto a maior ficou com as famílias de renda média-alta (0,59%). Já no acumulado dos últimos 12 meses, as famílias de renda alta tiveram a taxa mais elevada (7,05%). Enquanto que a menor taxa inflacionária foi do segmento de renda média-baixa (5,53%).

“Na desagregação por grupos, alimentos e bebidas, transportes e comunicação seguem como os de maior pressão inflacionária para praticamente todas as faixas de renda. Cabe observar que, em janeiro, as deflações das roupas (-0,7%) e dos artigos de higiene pessoal (-1,3%) amenizaram a alta da inflação para todas as classes de renda”, cita o Ipea.

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Veja quais produtos foram mais impactados pela pressão inflacionária

Segundo a pesquisa, as deflações, ou queda de preços, foram observadas nos preços das carnes (-0,47%) e de aves e ovos (-1,2%). Já as altas foram registradas nos cereais (3,5%), das hortaliças (6,4%), das frutas (3,7%) e dos produtos da cadeia do trigo – farináceos (0,98%) e panificados (0,55%) – explica o impacto deste grupo para a inflação no primeiro mês do ano.

Quanto aos transportes, em janeiro, os aumentos das tarifas dos ônibus urbano (0,91%) e interestadual (2,1%), além da gasolina (0,8%), foram os principais focos inflacionários. 

As famílias de renda mais alta foram beneficiadas pela redução nos preços das passagens aéreas (-0,51%) e dos transportes por aplicativo (-17%), o que ajudou a compensar o impacto da alta dos combustíveis e das despesas com emplacamento, seguro e manutenção veicular.

No grupo de comunicação, as famílias enfrentam pressão devido aos reajustes nos planos de assinatura de TV (11,8%) e combos de TV, telefonia e internet (3,2%). As famílias de renda mais alta também foram afetadas em janeiro pelo aumento de preços nos serviços pessoais (0,75%) e na recreação (0,89%), que impactaram o grupo de despesas pessoais, uma vez que utilizam esses serviços em proporção maior do que as faixas de renda mais baixa. Além disso, houve aumento no preço dos alimentos e dos transportes.

De acordo com o estudo, as três faixas de maior poder aquisitivo tiveram uma aceleração inflacionária em janeiro de 2023, em comparação com o mesmo período do ano anterior. Isso se deve não apenas à queda menos acentuada nas passagens aéreas (-0,51% em 2023 versus -18,4% em 2022), mas também aos reajustes de preços da gasolina (0,81%) e dos planos de saúde (1,2%), em contraste com as deflações de -1,14% e -0,69%, respectivamente, em 2022.

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