Por que os motoristas de aplicativos fazem greve no Brasil? Prejuízo compartilhado

Motoristas de aplicativos, como Uber e 99, iniciaram uma greve em todo o Brasil. A categoria reivindica melhores condições de trabalho e pagamentos maiores. Veja os valores defendidos

Mylena Lira   Publicado em 15/05/2023, às 14h42

Divulgação

Nesta segunda-feira (15), motoristas de aplicativos como Uber e 99 iniciaram uma greve em todo o território brasileiro. A categoria está reivindicando melhores condições de trabalho e repasses mais altos nas tarifas das corridas. Os motoristas querem que as empresas de app de transporte de pessoas subam o valor mínimo da corrida para R$ 10 e o valor do quilômetro rodado para R$ 2. Hoje, os valores bases são, respectivamente, R$ 5,87 e R$ 1,19.

A paralisação, organizada pela Federação dos Motoristas Por Aplicativos do Brasil (Fembrapp) e pela Associação de Motoristas de Aplicativos de São Paulo (Amasp), está prevista para durar 24 horas e espera-se que cerca de 70% dos profissionais da categoria adiram ao movimento. O presidente da Amasp, Eduardo Lima de Souza, explicou os motivos da greve, destacando que os motoristas de aplicativos estão recebendo o mesmo valor desde 2016.

Ele ressaltou que, ao longo dos anos, houve aumentos significativos nos custos do setor automobilístico, como o valor das peças, dos veículos e do petróleo, mas as empresas de aplicativos não acompanharam esses aumentos, prejudicando a renda dos motoristas. Outra questão levantada pelos motoristas é a mudança no sistema de cobrança. Segundo eles, desde 2019 as empresas alteraram o sistema, o que gerou variações nas taxas cobradas dos motoristas.

Antes, os valores informados correspondiam aos valores pagos pelos usuários, mas agora as tarifas estão sofrendo alterações e os motoristas não estão recebendo o repasse correspondente. Isso tem levado a descontos de até 60% nas taxas, o que impacta diretamente nos ganhos dos motoristas e os obriga a trabalhar longas horas diariamente para obter um lucro baixo.

O movimento de greve também tem o apoio Sindicato dos Condutores de Veículos que Utilizam Aplicativos do Estado de Minas Gerais (Sicovapp). “Minas Gerais também está a favor da paralisação nacional dos motoristas por aplicativos. Vamos nos unir com todo o Brasil e desligar os nosso apps em prol da tarifa mínima de R$10 e R$2 por Km", afimrou Simone Almeida, presidente do sindicato, em vídeo postado nas redes sociais da entidade. "Chega de tanta exploração destas plataformas. Vamos ficar off”, ressalta.

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O outro lado

A Associação Brasileira de Mobilidade e Tecnologia (Amobitec) divulgou uma nota em resposta à greve, na qual afirmou respeitar o direito de manifestação dos motoristas de aplicativos e destacou que as empresas associadas mantêm canais de comunicação abertos com os parceiros, mostrando disposição para o diálogo contínuo e o aprimoramento da experiência nas plataformas.

A plataforma 99 também se pronunciou sobre a greve por meio de uma nota, informando que tem conversado com os motoristas e implantado programas de apoio à categoria. A empresa ressaltou que foi pioneira na oferta da taxa garantida, que assegura aos motoristas uma taxa máxima semanal de até 19,99%, e que também implementou o Adicional Variável de Combustível, um auxílio no ganho que acompanha os aumentos no preço do combustível. Além disso, a 99 lançou outros programas, como:

A reportagem da Agência Brasil entrou em contato com a Uber em busca de um posicionamento sobre a greve e aguarda uma resposta da plataforma.

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