Ministério da Igualdade Racial exonera servidora após jogo do São Paulo; Entenda o caso

Assessora do Ministério da Igualdade Racial foi exonerada do cargo após ofensas à torcida do São Paulo na final da Copa do Brasil, da qual o time saiu campeão

Mylena Lira   Publicado em 26/09/2023, às 22h21

Divulgação

O Ministério da Igualdade Racial comunicou nesta terça-feira, 26 de setembro, a exoneração de Marcelle Decothé da Silva do cargo de assessora especial de assuntos estratégicos que ocupava na pasta após ofender a torcida no jogo do São Paulo na final da Copa do Brasil, no último domingo (24).

Marcelle acompanhava a ministra Anielle Franco, que ligou para os presidentes do time e da torcida Independente para pedir desculpas, conforme publicou o Estadão. Em nota oficial divulgada à imprensa, o MIR reafirmou seu compromisso inegociável com a promoção de direitos e com a igualdade étnico-racial, pautado em princípios fundamentais como a transparência e o cuidado.

A pasta afirmou que, nos nove meses de atual gestão, tem buscado reerguer a agenda de ações afirmativas e implementar medidas de inclusão e valorização da população negra, em consonância com a luta histórica contra o racismo no Brasil.

Para preservar a integridade dessas ações e garantir que atitudes contrárias a esses propósitos não interfiram no cumprimento da missão institucional, o Ministério informou que servidora foi exonerada do cargo, pois as manifestações públicas que fez em suas redes sociais foram consideradas em evidente desacordo com as políticas e objetivos do MIR.

Adicionalmente, o Ministério instituiu o Comitê de Integridade, Transparência, Ética e Responsabilização, uma instância interna destinada a debater e deliberar sobre situações relacionadas à transparência, integridade pública, ética e questões disciplinares abrangentes. Este comitê será responsável por investigar o caso de Marcelle Decothé da Silva e atuar na prevenção de ocorrências que contrariem os princípios que norteiam a missão do Ministério.

Confira a publicação ofensiva que a servidora fez em suas redes sociais, com linguagem neutra: "Torcida branca, que não canta, descendente de europeu safade... pior de tudo pauliste”, ressaltou.

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Críticas à ministra Anielle Franco

O jogo do São Paulo também rendeu críticas à ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco. Ela foi alvo de opositores devido ao uso de um avião da Força Aérea Brasileira (FAB) para acompanhar a final da Copa do Brasil entre São Paulo e Flamengo, no estádio do Morumbi, no último domingo (24).

A ministra divulgou nas redes sociais que foi ao estádio a trabalho, para assinar uma ação do governo federal para combater o racismo no esporte, motivo pelo qual utilizou a aeronave da FAB. Durante o jogo, o telão do estádio exibiu informações sobre o Disque 100, central de denúncia de violações de Direitos Humanos.

"Esse é mais um passo no avanço do trabalho da justiça racial em todos os esportes, que estamos construindo desde fevereiro. Com racismo não tem jogo!", declarou a ministra em vídeo postado no Instagram. Ela estava no estádio acompanhada do ministro Silvio Almeida, de Direitos Humanos e da Cidadania, e André Fufuca, do Esporte.

 

Após as críticas, ela postou em seu perfil no X, antigo Twitter:

É inacreditável que uma ministra seja questionada por ir fazer o seu trabalho de combate ao racismo e cumprir o seu dever. Vemos que as noções estão invertidas quando avançamos em um acordo histórico de enfrentamento ao racismo e somos criticados por isso. O que de fato incomoda?

— Anielle Franco (@aniellefranco) September 25, 2023

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