Escolas em alerta: Efeito contágio após ataque em São Paulo gera preocupação nas autoridades

A ampla divulgação da ação pelos veículos de comunicação e redes sociais pode ter causado um efeito "contágio". Ao menos sete BOs foram registrados em São Paulo após o ataque na creche

Pedro Miranda   Publicado em 06/04/2023, às 20h28

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A Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP-SP) registrou sete boletins de ocorrência relacionados a planos de adolescentes que pretendiam realizar atentados em ambiente escolar nas 48 horas seguintes ao ataque à Escola Estadual Thomazia Montoro, na Vila Sônia.

Segundo a secretaria, a ampla divulgação da ação pelos veículos de comunicação e redes sociais pode ter causado um efeito "contágio" e motivado outros alunos a repetir o ataque. O Secretário de Segurança Pública, Guilherme Derrite, disse que estão trabalhando para identificar e coibir possíveis casos, mas também pediu para cada um rever a sua responsabilidade enquanto sociedade.

Ele pediu para que a imprensa não reproduza exaustivamente as imagens das agressões e a população não compartilhe em redes sociais. Dentre os casos registrados após o atentado na escola da Vila Sônia, um adolescente do 9º ano do Ensino Fundamental foi flagrado armado em um colégio da capital paulista após denúncia via Disque Denúncia.

Em Itapecerica da Serra, uma mãe relatou que o filho foi ameaçado por outro estudante em uma escola, que teria feito promessas de um ataque similar. Em Santo André, um aluno ameaçou a professora durante a aula e o coordenador de outra escola não autorizou a entrada de um estudante pela suspeita de ele estar armado.

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Divulgação excessiva de notícias sobre esses ataques pode ter um efeito negativo

Ainda em Santo André, uma criança de 11 anos foi encontrada portando um simulacro de arma de fogo na escola. Em São Bernardo do Campo, policiais militares foram informados pela vice-diretora de uma escola que havia um aluno portando um pequeno punhal em sala de aula, mas ele afirmou que havia adquirido o artefato para se sentir mais seguro diante de ofensas homofóbicas.

A divulgação excessiva de notícias sobre esses ataques pode ter um efeito negativo ao motivar outros jovens a realizar ações semelhantes. Para o pesquisador e professor de Jornalismo da Universidade de São Paulo (USP), Rodrigo Ratier, a cobertura jornalística do atentado tendeu ao sensacionalismo e à busca desenfreada pela audiência.

Ratier aponta que a cobertura jornalística tem uma predileção pelo clique e pela matéria sensacional, resvalando no sensacionalismo. Ele ainda cita a literatura que traz a ideia de que o debate sobre esse tipo de massacre pode originar outros massacres, alimentando o efeito contágio.

O comportamento do jovem agressor também pode evidenciar a tese do efeito contágio, causado pela divulgação excessiva do atentado ocorrido em 2019 em Suzano (SP), quando dois adolescentes mataram cinco estudantes e dois funcionários da escola Raul Brasil.

Ratier destaca que o sensacionalismo não é a única questão na cobertura jornalística, mas sim como a mídia aborda o tema. Ele ressalta que é importante cobrir o assunto, mas sem espetacularizar ou banalizar a violência.

***Agência Brasil 

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